Como contar regenerantes de uma área em restauração ecológica? Conheça a metodologia do Instituto Espinhaço e Ecosia usada na recuperação ambiental

Você sabe como é feito o processo de restauração ecológica em uma área? O Instituto Espinhaço em parceria com a Ecosia, buscador da web que planta árvores a cada pesquisa realizada, desenvolveu uma metodologia muito importante para acompanhar o sucesso de uma área que está sendo restaurada e recuperada ambientalmente. Por meio do projeto “Semeando florestas, colhendo águas na Serra do Espinhaço (SFCA)”, ambos pretendem contabilizar o plantio de milhares de árvores.

A recuperação de áreas degradadas está diretamente ligada à ciência da restauração ecológica. Portanto, fazer esse processo auxilia no restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. Para que um ecossistema seja considerado recuperado – e restaurado – é necessário identificar recursos bióticos e abióticos na área. Além disso, esses recursos precisam ser suficientes para continuar seu desenvolvimento de forma natural.

Restauração x Recuperação: A restauração acontece no retorno completo de uma área degradada às condições existentes antes da degradação, ou a um estado intermediário estável. Isso significa que esse processo é feito de forma natural, eliminando os fatores de degradação. Já a recuperação de áreas degradadas tem como objetivo fornecer ao ambiente degradado condições favoráveis a reestruturação da vida num ambiente que não tem condições físicas, químicas e/ou biológicas de se regenerar por si só.”

Um dos indicadores que apontam o sucesso de uma área em restauração ecológica é a quantidade de árvores regenerantes presentes. Estas são importantes indicadores de recuperação, pois incluem alta densidade, ou seja, muitas árvores, e diversidade de plantas nativas.

Assim, as árvores regenerantes são aquelas que se desenvolveram em uma área que foi cercada e conseguiram sobreviver livremente de acordo com os processos naturais. Algumas regenerantes também são resultado do plantio de mudas, ou seja, quando a área plantada é protegida e acompanhada, esse indivíduo primeiro é capaz de gerar novos indivíduos, também chamados de regenerantes.

No entanto, toda ação de restauração ecológica deve ser monitorada e manejada conforme seus resultados. O monitoramento indicará se a técnica escolhida foi adequada e se está bem conduzida. Após a avaliação, nova tomada de decisão pode ser necessária para contribuir com o reflorestamento do local.

 

Como fazer esse acompanhamento?

A analista socioambiental do Instituto Espinhaço, Amanda Rocha Fiallos, explica que a equipe de Relacionamento com a Comunidade do projeto “Semeando florestas, colhendo águas na Serra do Espinhaço” trabalha com uma metodologia indicada pela Ecosia para quantificar essas árvores regenerantes. Segundo ela, por meio do método é possível identificar a densidade de indivíduos na área analisada além de monitorar o andamento

De acordo com Amanda, há dois anos a equipe do projeto “Semeando florestas, colhendo águas na Serra do Espinhaço” realizou o plantio de mudas na região da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. Agora, o grupo pretende revisitar as áreas para fazer essa quantificação e avaliar o desenvolvimento das mudas plantadas no início do projeto.

“Nessa área que foi feita o plantio, nós conseguimos analisar esse desenvolvimento natural. Isso é muito importante no processo de restauração não só apenas pelo desenvolvimento das mudas que foram plantadas, mas também pelo resultado do entorno, com áreas que estão se regenerando e se reconstituindo de forma natural”, disse a analista.

Amanda afirma que o processo de contar as regenerantes é dividido em algumas partes. A primeira delas é feita no escritório, onde a equipe de Relacionamento com a Comunidade extrai os dados e informações geográficas, o KML (Keyhole Markup Language), da área. Esses são armazenados em um GPS, sigla, em inglês, para “sistema de posicionamento global”. Com os KMLs, o GPS consegue se comunicar com uma rede de 24 satélites espalhados pela órbita terrestre. Com isso é possível ver a área a ser analisada antes mesmo de chegar até ela.

Em seguida, conforme explica Amanda, na imagem capturada pelos dados georreferenciados computados (KML) é traçado um transecto que percorre a área que será avaliada. O transecto é um caminho desenhado de forma virtual, que segue uma linha reta e centralizada, capaz de abranger toda a área avaliada. Essas informações são arquivadas também no GPS, que é usado como ferramenta durante o trabalho de campo.

“Quando partimos para o campo, todos os dados já estão no nosso GPS e assim conseguimos fazer o caminhamento das áreas. Quando chegamos na porteira de uma propriedade, nós caminhamos 30m, seguindo o trajeto proposto pelo transecto. Depois disso, começamos a marcar pontos, que são localizações exatas dentro das áreas que estamos avaliando”, disse Amanda.

De acordo com a analista, a cada 30m é feita a marcação de um ponto georreferenciado. Cada localização marcada possui uma quantificação de regenerantes.

“Em cada ponto, nós colocamos a cruzeta, instrumento usado para direcionar o olhar do analista que vai computar as regenerantes. Na cruzeta há quatro quadrantes. Em cada quadrante, é identificado uma árvore de 0,5 a 1m, e outra maior que 1m, em uma distância máxima de 15m dessa cruzeta. Dessa forma, em cada quadrante é analisado duas árvores, uma maior e outra menor. Fazendo essa observação, nós conseguimos metrificar: a distância do quadrante até a planta, a circunferência (CAP)- a altura do peito ou basal, se for menor- medida com uma fita métrica e a altura da árvore”, pontua a analista.

Ainda, a analista afirma que no início da contagem de regenerantes, no meio e no final, é necessário fazer fotos georreferenciadas dos locais. “Nesse processo de seguir o transecto, nós identificamos mato competição, ataque por formigas, cupim e fazemos um levantamento geral da área. Também avaliamos se é necessário fazer um replantio ou alguma manutenção, como a roçada. Observamos ainda se a cerca feita para proteger a área foi danificada e se há animais que possam prejudicar o processo de desenvolvimento florestal”, destaca.

Para registrar toda a avaliação, Amanda e a equipe do Instituto Espinhaço carregam consigo uma prancheta, que contém uma tabela, onde descrevem todo o processo observado em cada ponto demarcado pelo transecto na área visitada. No final do trabalho realizado no campo, os dados do GPS, os KMLS e a tabela com as informações da visita são anexados ao banco de dados do projeto. Lá é possível ter acesso a densidade da área, contabilizar quantas regenerantes foram encontradas por hectare.

“Quando você cerca uma área ocorre essa regeneração natural. Essa quantificação é para isso, para identificar quantos indivíduos encontramos em cada ponto selecionado. Além disso, também fazemos uma avaliação ambiental. Identificamos se há ou não Área de Preservação Permanente, por exemplo, e classificamos a área, como encosta, campo, entre outros. As informações são repassadas para equipe de implantação, que vai fazer o replantio ou a manutenção necessária, considerando as percepções ambientais que tivemos e assim, conseguir direcionar para uma ação mais assertiva”, completa a analista.

Para finalizar, após a contagem de regenerantes um questionário social é aplicado para o proprietário do terreno a fim de recolher um feedback das ações desenvolvidas e da evolução das plantas. Esse momento é muito importante para criar uma proximidade com o produtor e fortalecer um laço de colaboração com a comunidade.

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